Imagine que você acabou de concluir seu trabalho científico, reuniu alguns dados e resultados e está prestes a iniciar o processo de escrita. Qual a revista você irá escolher para publicar? (lembre-se que recomendamos neste post).
É hora de selecionar uma revista adequada, com alto fator de impacto, alcance e reputação junto à sua comunidade científica.
Aqui está o problema: embora a maioria dos pesquisadores queira que seus artigos estejam disponíveis em revistas de acesso aberto, as chamadas Open Access (OA), nem sempre estas revistas possuem fator de impacto (FI) elevado e uma relevância dentro da área. Este é um dos dilemas frequentemente enfrentado pelos cientistas que desejam ter seu trabalho totalmente OA. Você recusaria a oportunidade de publicar um artigo na Nature mesmo que o resultado não fosse totalmente OA? Provavelmente não.
Consideremos revistas importantes como Nature e Science: a maioria dos cientistas adorariam ter os seus artigos publicados nestes meios de comunicação, mas se o fizerem, nem todas as pessoas terão acesso ao conteúdo publicado. Isto porque a indústria editorial acadêmica evoluiu ao longo dos anos com base no modelo de assinaturas, no qual os leitores, devem pagar para acessar o conteúdo.
Muitas revistas de FI elevado, ou seja, as mais relevantes na maioria das áreas, estão atrás de “paywalls” e, portanto, o seu conteúdo não está disponível para todos de forma gratuita e aberta. Dependerá do tipo de pacote de assinatura que você possui ou pelo qual sua instituição pagou. Ou os indivíduos que tiverem interesse terão que pagar uma taxa única para acessar seu trabalho.
Outro dilema encontrado pelos cientistas que desejam manter seus trabalhos totalmente OA, diz respeito as Article processing charges (APCs). Prática comum a muitas revistas, incluindo para uma série de revistas de acesso aberto bem conhecidas e respeitadas, como Frontiers e PLoS. A APC, nada mais é que uma taxa paga após o aceite de seu artigo. Ou seja, você envia um artigo, ele é revisado por pares, esperançosamente aceito, e então você paga uma taxa antes da publicação. Isso garante que seu trabalho seja totalmente OA e possa ser baixado por qualquer pessoa no site da revista.
Dois problemas: há uma cobrança (e nem todo mundo tem dinheiro) e, muitas vezes, os FIs dessas revistas de acesso aberto não são tão altos quanto aqueles que caracterizam outros veículos mais tradicionais, como as revistas mais antigas.
Há também um outro lado dessa questão: as revistas predatórias. Você deve ter muito cuidado com as revistas que seleciona, pois a corrida em direção ao acesso aberto em todo o mundo levou a um grande aumento no número de editoras que estão apenas interessadas em colocar as mãos no seu dinheiro. Alguns minutos de pesquisa on-line são suficientes para se convencer de que muitas revistas por aí, anunciando e procurando artigos, são predatórias. São revistas nas quais não acontece a revisão por pares; não estão listadas em uma das compilações padrão, como ISI, Scopus ou PubMed; não apresentam normas de publicação claras e bem definidas; possuem um corpo editorial duvidoso, além de uma série de outras características. Vale a pena reservar um tempo para pesquisar a revista que você escolheu como veículo para o seu trabalho: no final das contas, uma publicação rápida pode não valer a pena.
Encontrar um equilíbrio entre publicar OA e fazer o que é melhor para a sua carreira pode ser difícil no mundo confuso de hoje: vemos centenas de novas revistas acadêmicas sendo lançadas todos os anos, mas quão boas elas são? Elas estão listadas em bancos de dados acadêmicos? Eles têm números ISSN? Seus artigos possuem números de identificação de documentos (DOI)?
Você deve estar se perguntando: “o que devo fazer”? Meu conselho é fazer uma lista de 10 ou 15 revistas da sua área, nos quais você gostaria de ver sua pesquisa publicada, e depois classificá-las de acordo com seus FIs. Então tente sempre submeter seu trabalho preferencialmente para veículos com FIs mais altos. Você enfrentará rejeição, é claro, mas esta é uma constante da vida acadêmica. E como você reage à rejeição é o que importa na academia: sempre aproveite os aspectos positivos da revisão por pares, aproveite as coisas boas que as pessoas dizem sobre o seu trabalho ou sugestões para melhorias. Retrabalhe, reenvie e você eventualmente obterá esses artigos em boas revistas e de alto FI.
Se ainda estiver confuso, você poderá entrar em contato conosco para obter ajuda e aconselhamento na seleção da revista adequada para o seu trabalho acadêmico.
Silvana B. Marchioro