Além de ter bem definida a “mensagem principal”, bem como seu “público-alvo” e a “estrutura” de seu artigo antes de começar a escrever (veja a Parte 1), pesquisadores bem-sucedidos tendem a desenvolver um estilo para sua redação acadêmica; seus artigos são lidos de maneira semelhante.
A melhor maneira de desenvolver um estilo que funcione para você em seu trabalho escrito é basear seus primeiros artigos em outros da sua área, que você considera terem sido bem apresentados por pesquisadores que admira. Não copie (não estou defendendo isso), mas dê uma olhada no estilo de redação e na estrutura de alguns artigos que você considera bem escritos; que tipo de títulos eles têm? Como seus resumos são estruturados? Como as apresentações e a discussão começam e terminam? Como as seções de métodos são apresentadas? Se um certo tipo de estilo provou ser um sucesso para outros colegas internacionais, então também pode funcionar bem para você.
Escolha uma voz em sua escrita que funcione para você. Este é um tópico interessante e bastante debatido na redação científica e nos círculos de ensino. A maioria dos cursos de redação ensinará que é uma boa prática usar uma voz passiva de terceira pessoa ao escrever trabalhos de pesquisa acadêmica (“um experimento foi realizado”, “os seguintes métodos foram usados neste estudo”). No entanto, um corpo crescente da literatura cientifica está chegando ao consenso de que o uso de uma voz ativa, em primeira pessoa, na escrita acadêmica é a melhor e mais eficaz forma de comunicação e de manter o leitor envolvido. A escrita na primeira pessoa é simplesmente mais fácil de seguir (“realizamos um experimento”, “usamos os seguintes métodos neste estudo”) e, portanto, mais fácil e mais agradável de ler.
Novamente, meu conselho é dar uma olhada em alguns artigos publicados recentemente em sua área que você considera bem escritos e que foram amplamente citados e ver que voz é usada. Opte por uma escrita ativa e em primeira pessoa em seus artigos, se possível, e, acima de tudo, seja consistente. Um dos erros mais comuns que os não nativos na língua inglesa cometem em seus artigos acadêmicos escritos em inglês é alternar entre vozes ativas e passivas no mesmo artigo. Começam na introdução, por exemplo, escrevendo em voz ativa (“nós fizemos isso”, “eu fiz aquilo”), mas depois mudam para a voz passiva ao montar a seção de métodos (“uma reação foi realizada”, “os seguintes produtos químicos foram adicionados à mistura"). Essa é uma falha importante que você deve tentar evitar em seu trabalho escrito.
A escrita eficaz em inglês compreende frases curtas com pontuação limitada. Tente escrever da mesma maneira que você pensa e documente o máximo possível de suas ideias. Escrever o máximo e com a maior frequência possível é uma habilidade fundamental que pesquisadores de sucesso tendem a desenvolver. Tenha em mente que montar um trabalho acadêmico é um processo cumulativo, que deve ser construído bloco por bloco, peça por peça; mesmo os escritores nativos mais bem-sucedidos e fluentes não conseguem sentar e simplesmente escrever um artigo do início ao fim.
Você pode, no entanto, tornar esse processo muito mais fácil tendo uma estrutura em mente e “construindo” partes do trabalho escrito, o qual poderá ser posteriormente utilizado nas diversas seções. Se você parar e analisar sobre esse processo na próxima vez que tiver que escrever um artigo acadêmico, ficará surpreso com a quantidade, da seção de introdução ou métodos, por exemplo, você já possui em vários formatos salvos em seu computador. Escritores acadêmicos de sucesso reutilizam, reciclam e reformulam: construindo novos trabalhos a partir de blocos de construção que já possuem em seu portfólio.
Keep it in mind e uma boa escrita para todos!
Silvana B. Marchioro